Cultura de inverno
Cenário atual traz preocupações para a safra de trigo
Dados preliminares estimam o plantio de 1,5 milhão de hectares e produção próxima a cinco milhões de toneladas
Foto: Divulgação - Valor contratado para este ano abrange apenas 710 mil hectares
Falta de crédito e seguro agrícola, preços muito baixos no mercado e possibilidade do impacto de um evento El Niño são alguns dos fatores do cenário atual que estão preocupando os produtores de trigo no Rio Grande do Sul, na preparação para a safra 2023. Os temas foram abordados durante a reunião da Câmara Setorial do Trigo, realizada na segunda-feira (22) pela Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi).
As previsões de plantio para a safra deste ano pelo IBGE e pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda estão sendo apuradas, mas dados preliminares estimam em torno de 1,5 milhão de hectares plantados, com produção total próxima a cinco milhões de toneladas.
A Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (Fecoagro) realizou levantamento entre 20 cooperativas gaúchas sobre a intenção de plantio de trigo para a safra de 2023 e identificou aumento de 1,42% na área de cultivo. “Há um sentimento de manutenção de área cultivada. Acreditamos no cenário, mas com preocupações”, destacou o diretor executivo da Fecoagro, Sérgio Feltraco.
No entanto, consulta de dados junto ao Banco Central sobre os créditos contratados para a safra de trigo deste ano apontam para o financiamento de 710 mil hectares, quando o contratado na safra passada, neste mesmo período, ultrapassou 1 milhão. “Isso pode sinalizar redução da área de cultivo, ou então que o produtor possa ter alcançado seu limite de crédito com a safra de verão”, complementou a gerente executiva de produtos e projetos de agronegócios do Banrisul, Paula Bernardi.
“Em quatro anos, tivemos quebra em três safras de verão, corroendo o fluxo de caixa dos produtores. Há um desânimo e uma preocupação no setor, pois há dificuldade de liberação de crédito e problemas com o seguro agrícola, que não cobre os custos de produção”, alertou o diretor e coordenador da Comissão do Trigo e Culturas de Inverno da Farsul, Hamilton Guterres Jardim.
O coordenador da Câmara Setorial do Trigo, Tarcisio Minetto, ressaltou que há uma preocupação do setor produtivo do trigo e de outros cereais de inverno em relação à disponibilidade e acesso ao crédito, o alto custo do seguro agrícola e a perspectiva de liquidez futura da venda da safra.
“A solicitação é de que tenhamos crédito disponível aos produtores a juros compatíveis, para que possamos continuar ocupando áreas no inverno com sustentabilidade. Avançamos nas últimas safras de inverno e não podemos retroceder. Para isso, será necessário apoio de crédito, tanto para custeio quanto para comercialização”, frisou.
Como encaminhamento, a Câmara Setorial deve elaborar documento de alerta elencando os temas mais preocupantes para a cadeia produtiva do trigo no Rio Grande do Sul, a ser enviado ao Governo Federal, para que seja informado sobre a gravidade da situação. “Essas informações serão repassadas ao secretário Feltes para que ele possa articular junto ao governador, ao vice-governador e ao Governo Federal”, concluiu o coordenador das Câmaras Setoriais da Seapi, Clair Kuhn.
Participaram da reunião representantes da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Associação das Empresas Cerealistas do Estado do Rio Grande do Sul (Acergs), Banco do Brasil, Banrisul, Biotrigo Genética, BRDE, Conab, Emater/RS-Ascar, Embrapa, Farsul, Fecoagro, IBGE, JF Corretora, Ministério da Agricultura, Moinho do Nordeste, Moinho Estrela, Moinho Vacaria, Sinditrigo, Stedile Sementes e T&F Consultoria.
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